segunda-feira, 25 de março de 2013

ÀS VEZES É BOM NÃO SE DESISTIR..." AINDA O OVO ATRAVESSADO OU RETIDO

No passado dia 5 falei, neste mesmo local, sobre uma situação que costuma acontecer a quem cria canários, o ovo atravessado ou retido, e isto porque um criador me tinha telefonado solicitando a minha ajuda para um destes casos. Mal sabia eu que me ia acontecer exatamente a mesma coisa com uma das canárias com que fiquei para reprodutoras, oito dias depois, com a agravante de desta feita a canária não conseguir expelir mesmo o ovo.


Na quarta-feira dia 13, sensivelmente a meio da manhã, fui vistoriar os ninhos para trocar os ovos verdadeiros por falsos quando numa das jaulas me deparei com uma fêmea "morta" fora do ninho! Murmurando raios e coriscos com a pouca sorte (a fêmea já tinha colocado 3 ovos) peguei na canária e verifiquei que afinal estava viva mas incapaz de se mexer e com os olhos cerrados. Soprando para o uropígio verifiquei logo que não expelira o ovo porque se encontrava, literalmente, atravessado no oviduto.

Imediatamente comecei por lhe colocar com ajuda de um cotonete umas gotas de azeite no uropígio enquanto aquecia um pouco de água onde a iria colocar a apanhar o vapor, na esperança de que expelisse o ovo. Ao fim da primeira tentativa coloquei a canária, que já abria os olhos, no ninho e aguardei cerca de vinte minutos, repeti a tentativa mais duas vezes sem qualquer êxito; já estava prestes a desistir quando, por um feliz acaso, um providencial telefonema do Amigo Carlos Lima para tratar de outro assunto levou a que lhe contasse o meu desânimo pois ia perder a fêmea. O Amigo Carlos Lima, prestabilíssimo como sempre, depois de eu lhe contar o que já fizera sugeriu uma coisa que eu sabia, mas que nunca fiz, furar o ovo com um palito introduzido através do uropígio para facilitar à fêmea a expulsão do ovo uma vez que este, furado, tornar-se-ia mais "maleável" no oviduto. Preparei-me para fazer o que me fora aconselhado pois o destino da canária, se não expelisse o ovo, era a morte certa e assim poderia haver uma hipótese de sobreviver.

Com a canária firmemente agarrada na mão direita voltei a soprar o uropígio e, levado por um palpite, tentei "virar" o ovo massajando suavemente a canária. Consegui que o ovo ficasse na posição correta (pensava eu) e preparei-me para o furar quando me apercebo que uma película de pele tapava completamente a cloaca. Algo não estava bem!

Observando minuciosamente o uropígio verifiquei que a "abertura" dessa película de pele se encontrava deslocada para o lado do dorso da canária (jamais conseguiria expelir o ovo, mesmo furado) e esse pormenor era impeditivo de que o ovo fosse expelido.

Pensei, agora é que é, se não morreres da doença vais morrer da cura, untei o mais possível com o cotonete embebido em azeite a minúscula abertura que via enquanto que com os dedos indicador e polegar pressionava a barriga da fêmea no sentido da saída do ovo. A abertura que eu via à medida que ia exercendo uma maior pressão ia-se alargando até que, finalmente, o ovo começo a sair... só que pela parte mais larga. Até nisto a pobre da canária tinha tido pouca sorte tinha-lhe posicionado o ovo ao contrário, mas saiu. Creio que eu estava mais aflito do que a fêmea que ficou manifestamente mais aliviada apesar de debilitada. Quando a ia a colocar suavemente no ninho para descansar e recuperar forças verifiquei que tinha algum sangue a sair do uropígio, pensei agora é que vai morrer, lavei-a cuidadosamente e verifiquei aliviado que não saía mais sangue colocando-a de vez no ninho.

Passadas mais de 48 horas do que acabo de narrar tenho a dizer que felizmente a canária está em franca recuperação e está sozinha (por precaução separei o macho) a chocar os quatro ovos dela.

É uma enorme satisfação poder partilhar com quem segue este blogue situações como esta, que acabou bem, pois às vezes é bom não se desistir porque pensámos que um passarinho está irremediavelmente condenado.
 
 
PS - Tirado do blog de Armindo Tavares

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